Vamos detalhar os passos para organizar a prática profissional supervisionada de operadores de caldeira, assegurando tanto a segurança das operações quanto o atendimento às normas legais. Para avançar ao estágio prático, o trabalhador precisa ter concluído o curso NR 13 – Operador de Caldeira (40 horas) e portar o certificado que comprove essa formação teórica. Em seguida, sob a coordenação do empregador e de um profissional qualificado, ele aplicará na caldeira todos os procedimentos de operação, manutenção e resposta a emergências. Confira abaixo os princípios e procedimentos, conforme o Anexo I da NR 13, que estruturam essa etapa fundamental de capacitação:

Objetivo e fundamentação legal

A NR 13 estabelece, em seu Anexo I item 1.5, que a capacitação de operadores de caldeiras inclui, além do treinamento teórico, prática profissional supervisionada diretamente na caldeira que será operada. O objetivo é garantir que o trabalhador aplique, sob supervisão qualificada, os conhecimentos técnicos em situação real de operação, promovendo segurança, eficiência e conformidade com as boas práticas de operação e manutenção.

Responsabilidade pelo estágio supervisionado

Em matéria trabalhista, a responsabilidade global pela prática profissional supervisionada recai sobre o empregador, que deve:

- Designar formalmente o supervisor da atividade;

- Garantir que a caldeira esteja em condições seguras para a realização das tarefas práticas;

- Assegurar a disponibilidade dos recursos — equipamentos, EPIs e procedimentos escritos — necessários à capacitação.

Quem pode ser o responsável pela supervisão

A NR 13 admite, para a função de supervisor de estágio, profissionais que possuam competência técnica e experiência comprovada na operação de caldeiras, tais como:

- Chefes de operação: responsáveis pela coordenação geral das operações de caldeira;

- Operadores‑chefe: com larga experiência prática e formação técnica;

- Engenheiros responsáveis pela planta de caldeiras: com conhecimento profundo dos sistemas de pressão e controle;

- Operadores experientes: com histórico de operação segura e domínio dos procedimentos padrão;

- Profissionais habilitados: detentores de certificação ou registro em conselho de graduação técnica ou profissional;

- Outros especialistas: qualquer outro profissional que demonstre competência e experiência em operação de caldeiras.

Categorização das caldeiras e carga horária mínima

Para efeitos de aplicação do Anexo I, as caldeiras são classificadas conforme sua pressão de operação, com a seguinte carga horária mínima de prática supervisionada:

- Categoria A: pressão de operação igual ou superior a 1.960 kPa (19,98 kgf/cm²) – 80 horas de prática;

- Categoria B: pressão de operação superior a 60 kPa (0,61 kgf/cm²) e inferior a 1.960 kPa (19,98 kgf/cm²) – 60 horas de prática.

Estruturação da prática supervisionada

1. Plano de atividades: prever módulos de partida, operação em carga, monitoramento de parâmetros, inspeção de segurança e resposta a emergências.

2. Cronograma e distribuição das horas: organizar as sessões de prática de modo a contemplar toda a carga horária mínima comprovando por lista da presença e graduando a complexidade das tarefas conforme o progresso do estagiário.

3. Ambiente controlado: utilizar preferencialmente a própria caldeira em condições seguras ou, inicialmente, um equipamento de menor porte para reduzir riscos.

4. Orientação e demonstração: o supervisor demonstra cada procedimento crítico (leituras de instrumentos, ajustes de segurança, comunicação com centro de controle) e, em seguida, orienta o estagiário na execução.

5. Execução pelo estagiário: o aprendiz realiza as tarefas sob supervisão direta, recebendo feedback imediato e correções de conduta.

6. Registro e avaliação: documentar todas as atividades realizadas, observações do supervisor e resultados de avaliação, gerando um relatório final de desempenho.

Avaliação e emissão de declaração

Ao término da carga horária exigida, o supervisor deve:
- Avaliar a proficiência do operador em todos os módulos programáticos;
- Elaborar relatório conclusivo aprovando o operador de caldeira ou apontando eventuais necessidades de complementação;
- Emitir declaração de conclusão de estágio prático, atestando a aptidão do profissional para operar caldeiras com segurança, conforme a NR 13.

Ao seguir rigorosamente os passos descritos — desde a conclusão do curso teórico até a prática supervisionada estruturada — sua empresa garante não apenas o cumprimento da NR 13, mas também a formação de operadores plenamente preparados para manter a caldeira em operação segura e eficiente.