A enfermagem atua diariamente em ambientes com alto potencial de exposição a agentes biológicos, materiais contaminados, substâncias químicas e situações que exigem atenção constante. Por isso, antes mesmo de iniciar suas atividades, o profissional precisa compreender a importância do uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

Os EPIs são obrigatórios pelas Normas Regulamentadoras (NR 6 e NR 32) e constituem um dos pilares da biossegurança nos serviços de saúde, atuando como medida de proteção necessária para prevenir acidentes e doenças ocupacionais.

Contudo, mesmo sendo indispensáveis, ainda é comum observar resistência, uso inadequado ou relaxamento na rotina hospitalar. A familiaridade com os procedimentos, a pressa e a falsa sensação de segurança são fatores que aumentam a vulnerabilidade do trabalhador. Na enfermagem, que lida diretamente com pacientes e materiais potencialmente contaminados, qualquer falha na proteção pode gerar graves consequências.

Cultivar a cultura de segurança é determinante. Todos os anos são registrados acidentes com material perfurocortante, exposições biológicas e contaminações que poderiam ser evitadas caso o EPI tivesse sido utilizado corretamente. Como última linha de defesa na hierarquia de controles, o EPI reduz imediatamente o risco e deve ser considerado como parte indispensável da prática dessa atividade.

As normas NR 6 e NR 32 reforçam que cabe às instituições fornecer equipamentos adequados e treinar continuamente seus colaboradores. À enfermagem, cabe conhecer essas exigências, utilizar os EPIs de forma correta e seguir os protocolos estabelecidos para garantir um ambiente seguro e prevenir incidentes.

No artigo de hoje falaremos sobre os EPIs da área de enfermagem, sua importância, funções, e quais riscos em não usá-los. Continue a leitura!

O que são EPIs na enfermagem?

Os Equipamentos de Proteção Individual são dispositivos destinados a proteger o trabalhador contra riscos ocupacionais presentes nos serviços de saúde. Na enfermagem, os EPIs atuam contra:

  • agentes biológicos (vírus, bactérias, fungos);
  • substâncias químicas;
  • materiais perfurocortantes;
  • aerossóis;
  • riscos físicos, mecânicos e ergonômicos.

Do ponto de vista da Segurança do Trabalho, o EPI representa a última defesa quando medidas de proteção coletiva e controles administrativos não eliminam totalmente o risco.

Para terem validade legal, os EPIs devem possuir Certificado de Aprovação (CA), estar em boas condições, ser compatíveis com o risco identificado e ser fornecidos gratuitamente pelo empregador. Além disso, é obrigatório oferecer treinamento, orientação técnica e fiscalização do uso, conforme NR 6.

Qual a importância do uso de EPIs na enfermagem?

O uso correto dos EPIs está diretamente ligado à proteção física, ao controle de riscos e à segurança ocupacional. Por trabalharem em contato direto com pacientes e materiais contaminados, os profissionais de enfermagem dependem desses equipamentos para evitar acidentes e preservar a saúde.

Do ponto de vista técnico e médico, os EPIs são essenciais para:

  • Interromper a transmissão de agentes infecciosos, prevenindo contaminações por hepatites, HIV, tuberculose, entre outras doenças.
  • Evitar acidentes com materiais perfurocortantes, comuns em procedimentos invasivos.
  • Reduzir a exposição a substâncias químicas usadas em desinfecção, limpeza e manipulação de medicamentos.
  • Proteger pele, mucosas e vias respiratórias, especialmente em atendimentos de maior risco.

Além disso, EPIs são parte obrigatória dos protocolos de biossegurança previstos nas NR 6 e NR 32, garantindo que o ambiente de trabalho seja mais seguro, eficiente e em conformidade com a legislação.

Principais EPIs na enfermagem e suas funções

A escolha dos EPIs deve ser baseada na Avaliação de Riscos (AR) ou no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). A seguir, listamos os principais equipamentos utilizados na enfermagem:

Luvas de Procedimento e Luvas Estéreis

Função: proteção contra microrganismos presentes em sangue, secreções e fluidos corporais.
Aplicações:
Procedimentos não estéreis (luvas de procedimento).
Ações invasivas/cirúrgicas (luvas estéreis).
Risco controlado: contaminação cruzada.

Máscaras Cirúrgicas e Respiradores N95/PFF2

Máscara Cirúrgica
Indicação: risco de gotículas e respingos.
Função: proteção básica para boca e nariz.

Respiradores N95/PFF2
Indicação: aerossóis infectantes (tuberculose, Covid-19).
Função: filtra partículas de alta eficiência.
Risco controlado: doenças transmitidas pelo ar e por gotículas.

Jaleco Profissional

Função: proteção de tronco em rotinas com baixa exposição.
Aplicação: atividades administrativas/assistenciais de risco leve.

Óculos de Proteção e Face Shield

Função: proteger olhos e face de respingos.
Aplicação: coleta de material biológico, aspiração, intubação.

Protetores Auditivos (quando necessários)

Função: reduzir exposição a ruído elevado.
Aplicação: áreas técnicas ou manutenção hospitalar.

O que dizem as NR 6 e NR 32 sobre o uso de EPIs na enfermagem?

NR 6 – Equipamento de Proteção Individual

A NR 6 estabelece regras para aquisição, fornecimento, uso e gestão de EPIs. Entre suas determinações:

  • O empregador deve fornecer EPIs adequados, gratuitos e com CA válido.
  • O trabalhador deve usar, cuidar e comunicar irregularidades.
  • A empresa deve registrar entrega, treinar, orientar e fiscalizar o uso.
  • O EPI deve ser compatível com o risco identificado no PGR.

NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde

Específica para a área da saúde, determina que:

  • O uso de EPIs é obrigatório diante de riscos biológicos, químicos e físicos.
  • Deve haver treinamento contínuo sobre uso, limitações, higienização e descarte.
  • Enfermeiros e técnicos devem utilizar EPIs sempre que houver risco de fluidos, aerossóis ou materiais contaminados.
  • Os EPIs devem estar integrados aos procedimentos operacionais padrão (POPs) e aos sistemas de gestão de segurança.

Quais são os riscos de não usar EPIs na enfermagem?

A ausência ou uso incorreto dos EPIs aumenta significativamente os riscos ocupacionais. Entre os principais:

Riscos Biológicos

  • Contaminação por vírus, bactérias e fungos.
  • Doenças como hepatites, HIV, tuberculose e infecções respiratórias.

Riscos Químicos

  • Dermatites, alergias e intoxicações por produtos de limpeza, desinfecção e medicamentos.

Riscos Físicos

  • Danos auditivos, queimaduras, irritações e agravos por radiação ou temperatura.

Riscos Mecânicos e Perfurocortantes

  • Acidentes com agulhas, bisturis e objetos cortantes.

Riscos Ergonômicos

  • Sobrecarga física por uso inadequado de calçados ou roupas impróprias.

A falta de EPIs compromete a segurança do trabalhador, aumenta incidentes e prejudica a qualidade assistencial.

Conclusão

Como vimos, a adoção correta dos Equipamentos de Proteção Individual é indispensável para garantir segurança, reduzir riscos ocupacionais e promover ambientes assistenciais mais confiáveis. Diante da complexidade das atividades realizadas pelos profissionais de saúde, o uso de EPIs deixa de ser apenas uma exigência normativa para se tornar parte essencial da rotina de cuidado. 

Além de proteger o profissional, os EPIs desempenham papel importante na interrupção de cadeias de transmissão e na prevenção de contaminações cruzadas, assegurando um atendimento mais seguro para pacientes e equipes multidisciplinares. A enfermagem, por lidar diretamente com situações de risco biológico e procedimentos invasivos, depende desses dispositivos para minimizar danos e evitar agravos à saúde. Assim, seu uso não deve ser pensado como um acessório opcional, mas como parte integrante das práticas assistenciais e dos protocolos institucionais.

As Normas Regulamentadoras, especialmente a NR 6 e a NR 32, reforçam a responsabilidade compartilhada entre empregadores e trabalhadores para garantir que os EPIs sejam fornecidos, utilizados, fiscalizados e integrados aos procedimentos operacionais padrão. Quando instituição e equipe atuam de forma conjunta, ocorre uma redução significativa nos índices de acidentes e uma maior padronização das práticas de segurança. Esse alinhamento fortalece a cultura prevencionista, estimula boas práticas e favorece ambientes profissionais mais organizados e protegidos.

Por fim, reconhecer a importância dos EPIs é reconhecer o valor da saúde do trabalhador. A prevenção começa com escolhas simples, como vestir adequadamente cada equipamento, e se consolida por meio de treinamento contínuo, conscientização e responsabilidade coletiva. Ao adotar o EPI como parte natural da rotina, a enfermagem contribui não apenas para sua própria segurança, mas também para a qualidade do atendimento e para a construção de um ambiente hospitalar mais seguro, eficiente e alinhado às exigências das normas regulamentadoras.

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